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Dr.Sérgio Vaisman - Uso de Antibióticos

 

De acordo com um estudo publicado na revista Arquivos de Medicina Pediátrica e Adolescente, uma bactéria denominada Estafilococo tem sido encontrada de forma crescente na pele de crianças, provocando grande número de infecções. O maior problema é que esta bactéria tem sido uma das mais resistentes ao tratamento com antibióticos. Fato que tem sido visto cada vez mais freqüente e se tornando um dos maiores pesadelos para os médicos.
De fato, 71.900 crianças foram hospitalizadas na Inglaterra em 2009 com infecções cutâneas graves, o dobro do que se viu em 2000. Isto não me surpreendeu, pois, com o passar do tempo, mais e mais antibióticos são prescritos a adultos e crianças, promovendo um grande exército de germes resistentes a esses medicamentos.
A maior crítica deve ser feita aos próprios médicos que, por certa comodidade, negligência ou por não saberem como prevenir, utilizam antibióticos de várias naturezas de forma descontrolada, permitindo que as bactérias se tornem cada vez mais fortes e, conseqüentemente, resistentes aos medicamentos. Fato semelhante, para compararmos, se dá com o uso de inseticidas que também podem produzir resistência dos insetos aos venenos.
Com tudo isto, os mais indefesos entre nós, nossos filhos, são as grandes vítimas do nosso “caso de amor” com os antibióticos. Nós, médicos, acreditamos que para qualquer manifestação de resfriado comum ou algo parecido, “entupir” o organismo com antibióticos seria uma maneira fácil de resolver o problema. Ledo engano! A resistência bacteriana se faz desta maneira. Quando houve a descoberta da penicilina, o primeiro antibiótico comercializado, doses muito pequenas eram efetivas contra os germes vilões que se mostravam facilmente vulneráveis. À medida que sua aplicação se difundia, a resistência foi aparecendo e a ineficácia dos remédios se mostrava real. Daí a indústria farmacêutica tem que investir milhões e milhões para descobrir novos grupos de antibióticos que, com o tempo, também deixam de ser eficazes.
Agora, nossos filhos estão pagando o preço da nossa dependência excessiva ás “drogas milagrosas”. Agora é hora de combatermos o abuso na utilização dos antibióticos. É claro que situações específicas continuarão a depender desse tipo de medicamento para se conseguir a cura mas, enquanto a negligência existir, antibióticos continuarão a ser receitados para qualquer tipo de situação de menos gravidade e que poderiam ficar sem eles. Certifique-se de nunca tomar um antibiótico quando não for realmente necessário. Saiba que ele não ajudará caso a infecção seja causada por vírus, o que é bem mais comum do que as situações provocadas pelas bactérias.
Quando o pediatra prescrever antibióticos para seu filho, não se constranja em perguntar as razões dessa prescrição, procure se informar com certeza sobre a presença de infecção por bactérias e tente solicitar, se possível, tratamentos alternativos ao seu emprego para melhorar o quadro.
Para o bem das crianças (e da saúde futura), vamos lutar contra a resistência bacteriana, limitando o uso de antibióticos às situações realmente necessárias.